quinta-feira, 25 de junho de 2009

25 de Junho de 1975 - 34 anos

sábado, 20 de junho de 2009

Lucrécia Paco – Então é verdade, no Brasil é duro ser negro?

Foto do Site Época

A atriz moçambicana Lucrécia Paco mostrou ter personalidade quando estando em país estrangeiro, a convite de uma instituição deste país para apresentar uma peça de teatro, ter aberto o trombone através da imprensa local e afirmado ter passado por discriminação racial na maior cidade brasileira.

Lucrécia Paco estaria em uma fila de uma casa de câmbio, em um shoping comercial na cidade de São Paulo, trocando dólares, quando uma mulher teria, de forma agressiva, insinuado que a mesma havia tentado mexer na sua bolsa. Quando a atriz moçambicana pediu desculpa se por ventura houvesse tocado, de forma não proposital, na bolsa, a tal senhora teria ficado ainda mais agressiva, ameaçando chamar a segurança e polícia de imigração.

Uma pena que a Lucrécia Paco, ainda que entendível por estar em solo estrangeiro, não ter apenas contado esta história à imprensa após os fatos. Pena que a mesma, para mostrar ao mundo inteiro que também no Brasil, ainda que haja uma corajosa legislação pertinente, o racismo é ainda uma realidade, não tenha levado a situação a consequências mais sérias para a acusadora. Penso que para isso não fosse nem mesmo necessário saber que no Brasil racismo é crime inafiançável.

E se pudesse estar com a Lucrecia, também lhe passaria uma mensagem de calma para que não entrasse na paranóia que diz que entrou ao começar a achar que começa a ver sinais de discriminação por todos os lados, e que fico na torcida que deixe por aqui as melhores impressões do teatro moçambicano.

Pode-se ler a notícia em questão aqui , e nos comentários da mesma poderão constatar o que alguns não querem reconhecer; que o racismo neste país existe, principalmente quando se pode exercê-lo no anonimato.

Lucrécia(s), lute, mas lute muito contra o racismo, e contra todos os preconceitos em relação às minorias, inclusive em Moçambique, inclusive sendo seja lá qual for o tom de pele que sofra com o preconceito.

* Interessante ouvir o cantor e escritor Chico Buarque falar sobre o racismo no Brasil, aqui.

sábado, 13 de junho de 2009

Ricardo Rangel, pelo meu Irmão...

Foto do Ricardo Rangel, onde se vê o Poeta José Craveirinha, o Pintor e Poeta Neves e Souza, e o Jornalista Gouvêa Lemos ouvindo o jazz, que ficou sendo uma das marcas deste grupo de amigos.

Sem dúvida a partida do grande Mestre e "tio" Rangel, deixa um grande vazio na História moçambicana e, como bem dizes ZP, também da nossa família.
Nas minhas ultimas 3 visitas a Moçambique, (1996, 2000 e 2003), tive o prazer de sentir aquele carinho típico do tio Rangel. Só na sua companhia é que tive coragem de ir visitar o outro grande Mestre e tio Zé Craveirinha, em Janeiro de 2003, quando já estava em coma em sua casa. Chorei ao ver o tio Zé, e ele me consolou com as palavras, "não chores porque parece que não, mas ele nos sente aqui".
Enxuguei as lágrimas e ele me levou depois para "arejar" na marginal de Maputo, antes de me levar para o seu escritório em casa. Lá chegando colocou alguns discos de vinil rodando na vitrola, e logo o bom Jazz que ele em tempos passados, juntamente com o tio Zé, e o "chapa" Gouvêa Lemos, tantas vezes escutaram, encheram o ambiente de uma nostalgia gostosa, acrescentada por várias lembranças, contadas com o jeito que só ele sabia contar. São momentos que jamais esquecerei, e serei sempre grato.
Uma geração difícil de substituir na sua coragem e verticalidade, pouco a pouco está passando a tocha à próxima geração, que sei também ter gente com os mesmos ideais e verticalidade. Que continuará lutando pelo sonho de uma constituição independente, com paz, liberdade de expressão, prosperidade e justiça para todos os cidadãos do país que eles tanto amaram.
Nesta hora jamais poderia esquecer, a esposa e lutadora, tia Beatriz, que já só vim a conhecer como adulto, e que a igualmente adoro. O mesmo se extende à Familia Beatriz e Rangel, espalhados do sul do Brasil ao Revuma. É com eles que estou neste momento, por mais mares, montanhas e savanas nos separem.
Triste, mas certo que o Velho Guerreiro está agora curtindo o merecido descanso, em companhia de muita boa gente.

António Maria
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*Foi este um comentário que o António Maria deixou no post "Ricardo Rangel" e não podia deixar de lhe dar maior destaque.

Mato Grosso (4)

Bicharada que visitamos ou que nos visitam durante a noite. Uns, pequenos mas monstruosos, feios mas bonitos. Outros, imponentes, bonitos, mas nos detalhes, também pré-históricos. Como tudo, depende como os vimos.










sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mato Grosso (3)

Muitos dizem que a vegetação do cerrado é pobre em beleza. Haja má vontade com a natureza...






quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ricardo Rangel

Há pessoas que fazem parte da nossa história, que nos ajudam contando-nos a nossa própria história.
Ricardo Rangel era um deles. Com as suas fotos ele contava-nos a história de terceiros que faziam parte da nossa história. Para mim, ele me contou um pouco como era o meu Pai, como ele o via. Através dele conheci um pouco do jornalista Gouvêa Lemos. Através do Gouvêa Lemos, quando eu ainda era um miúdo, no início da década de 70, já percebia o respeito que o Ricardo Rangel impunha no meio jornalístico.
Hoje, ao receber a notícia por mensagem (SMS) via celular (telemóvel) do falecimento do Tio Rangel, tive a invasão da tristeza de perder alguém muito querido, e também de perder um pouco mais dos meus Pais.

Ricardo Rangel (direita) e Gouvêa Lemos, na década de 70, em jantar de despedida do GL que partia para o Brasil.

Ricardo Rangel e Madalena Gouvêa Lemos, em 1996, em Curitiba.
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Adenda:
Do JPT, um belo material relacionado ao RR, recolhido durante os anos no Ma-schamba.
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Na versão 1 do Lanterna Acesa, também se pode ver algum material relacionado ao RR

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Mato Grosso (2)

Cortador de cana-de-açucar

O nordestino que emigra para outras regiões do Brasil, para que em árduas atividades possa transmitir a sua satisfação com esta colocação:
- Não posso dizer que não está bom. O alojamento é melhor que minha casa, se for para reclamar de comida não podemos sair de casa, e ganho aqui bem melhor do que um professor ganha na minha terra.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Glória de Sant'Anna


25 de Maio de 1925 - 02 de Junho de 2009
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Nós somos o que esperamos
todos ainda iguais aos mortos recentes
mas cobertos das cicatrizes
colhidas nas seivas dos ramos molhados de sangue
na alta lua esgarçada das vigílias
no último eco mortífero e vibrante (...)

Do "poema dos jovens conscientes", escrito em Pemba, Moçambique, no ano de 1970.



Fonte: Fundação Colouste Gulbenkian